Outras Edições

Em destaque Comunidade

Brasileiros e japoneses criam grupo para difundir humanização de parto

A proposta do “Dar à Luz” é oferecer informações e apoio às mulheres

Crédito: Antônio Carlos Bordin/Alternativa - 25/03/2019 - Segunda, 11:05h

Toyohashi – O obstetra francês Michel Odent disse certa vez que “para mudar o mundo, é preciso mudar a forma de nascer”. E é com esse ideal que o coletivo “Dar à Luz” foi lançado oficialmente no domingo (24) em Toyohashi (Aichi), ao defender a humanização do parto no Japão. O “Dar à Luz” é composto pelas brasileiras Alessandra Yoshikado e Ludmilla Hirata e pelos japoneses Daisuke Onuki e Megumi Hidaka.

A proposta do grupo é oferecer informações e apoio às mulheres que desejam ter filhos, mas inseridas nesse momento especial que também é chamado de parto humanizado. Para isso, o “Dar à Luz” prestará um atendimento profissional oferecendo a indicação de profissionais “humanizados”, como doulas, parteiras, obstetras, pediatras, fisioterapeutas, psicólogos, fotógrafos entre outros, além de recomendar hospitais, clínicas e casas de parto. 

Além disso, oferecerá informações sobre parto natural no Japão, cursos de preparação para o parto, serviços para o parto e pós-parto, curso de formação de doulas, além de roda de convivência para troca de experiências.

“A humanização do parto é baseada em três pontos: evidências científicas, participação de equipe transdisciplinar e autonomia para a mulher decidir como irá querer que seja seu parto e com o amparo de quais profissionais”, explicou Ludmilla.

As evidências científicas são aquelas que apontam recursos que devem ou não ser usados pela equipe. Ludmilla cita o exemplo da episiotomia, corte do períneo - músculo que fica entre o ânus e a vagina - para ampliar o canal do parto. “Não há evidências de que isso seja necessário”, cita.

Quanto à equipe transdisciplinar, ela pode incluir parteira, doula, obstetra, entre outros profissionais. E sobre a autonomia da mulher, fica claro que a futura mãe é quem decidirá de que modo será seu parto e não seguindo apenas as ordens de um profissional de medicina. As integrantes do “Dar à Luz” explicam que um parto normal também pode ser classificado como “parto humanizado”, desde que inclua estes três requisitos.

↑ Muitas famílias participaram do encontro que teve dinâmicas, relatos e trocas de experiências

Ludmilla e Alessandra trabalham como doulas, isto é, pessoas que auxiliam a mulher em trabalho de parto, dando-lhe apoio físico e emocional, mas é uma profissional que não faz procedimento técnico. Ludmilla conta que já trabalhou como doula voluntariamente, mas se tornou profissional em 2016. “Trabalhei como doula no Brasil. Agora no Japão, em um ano e meio, já participei de 13 partos”, disse. Além disso, ela tem formação técnica no uso de rebozo, tecido usado na massagem das mulheres, aleitamento materno, aromaterapia, técnica de respiração e técnica não farmacológica de alívio da dor.

Alessandra conta que a ideia de se criar o coletivo “Dar à Luz” começou a se formar em fevereiro passado. Ela já tocava o perfil no Facebook “Parto Humanizado- Japão” e quando estava grávida conheceu o japonês Daisuke Onuki, que lhe indicou uma clínica onde pudesse ter acompanhamento adequado para um parto humanizado. Ela postou o vídeo do parto no YouTube, o qual fez grande sucesso.

Alessandra explica que no parto normal a mulher é guiada pelos procedimentos de um médico. “Já no parto humanizado é ela quem escolhe como tudo será feito”, explica.

Depois ela própria, como doula, passou a amparar outras mulheres. No início era como voluntária. Hoje o faz como profissional. “Foi então que pensei que seria melhor expandir esse conhecimento a mais pessoas”, explicou. Então ela, Ludmilla, Daisuke, que é quem tem os contatos de hospitais, clínicas e casas de parto, e Megumi, que é parteira, decidiram criar o “Dar à Luz”.

DOULAS
Desde outubro de 2018 Ludmilla tem trabalhado na formação de seis outras brasileiras que desejam atuar na área. Uma delas é Tamires Fernandes Matizuki, de Nagoia (Aichi), que já fez um curso extensivo de doula no Brasil. “Decidi fazer o curso depois que percebi que tive um papel importante ao acalmar uma amiga que estava para ter filho. A dor no momento é grande e nessa hora o apoio é fundamental. Logo que começar a trabalhar vou atuar na área de Nagoia e Gifu”, disse.

Renata Rodrigues Matsuda veio de Tóquio para o encontro, pois está em sua terceira gestação. “Como meus bebês nasceram grandes, sei que aqui a indicação é que nesse caso seja feita cesárea. Mas não quero passar por isso. Estou me informando sobre a humanização do parto. É por isso que vim participar”, explicou.

Outras brasileiras deram depoimentos emocionados no encontro, como Emy Ueda, de Toyohashi, que sentiu o drama de passar por um parto sem apoio. “Os médicos que me atenderam eram bons no que faziam, mas não havia compaixão. Eu estava com medo e não havia solidariedade”, relatou. Até o dia em que conheceu o parto humanizado. “Então aquele momento, o parto, se tornou um momento mágico”, frisou.

A psicóloga Patrícia Esaki também contou sobre o nascimento de seu filho Hideki. “A doula nos deu apoio. Ela me acalmou e também ao meu marido Rogério. Ela nos passou técnicas de respiração para aliviar a dor. Quando meu filho nasceu e abriu os olhinhos, eu me senti empoderada”, garante.

A psicóloga Renata Wey realizou uma dinâmica entre os casais, explicando que a técnica ajuda a fortalecer o vínculo entre a mãe e o bebê, o que pode se perder na chamada depressão pós-parto. Participaram do encontro ainda as parteiras Megumi Hidaka e Motoko Okazaki.

Outras informações sobre o Dar à Luz podem ser obtidas pelo perfil no Facebook “Parto Humanizado- Japão”.

Fotos: Antônio Carlos Bordin/Alternativa
Alessandra Yoshikado, Megumi Hidaka, Daisuke Onuki e Ludmilla Hirata integram o coletivo “Dar à Luz”
Compartilhe
Comentários

736 vagas disponíveis em todo o Japão

1 ano
24 edições
¥7000 ienes
ASSINE A
REVISTA
RECEBA SEM SAIR DE CASA
PARTICIPE DE TODAS AS NOSSAS PROMOÇÕES
qr code alternativa
Nippaku Yuai Co., Ltd.
〒151-0071
Tokyo-to Shibuya-ku Honmachi 1-20-2-203